Trabalho Infantil: MPT-RN destaca ações de combate em audiência pública
Evento contou com a participação de representantes do poder público municipal e estadual e integrantes de movimentos sociais no tema
Natal (RN), 27/06/2024 — O procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Norte (MPT-RN), Gleydson Gadelha, participou, nesta terça-feira (14), na Câmara Municipal de Natal, de audiência pública para discutir o tema “A invisibilidade do trabalho infantil: Reflexões Sociais e Estratégias Institucionais”.
Participaram do encontro, representantes do poder público municipal e estadual, além de membros de instituições empenhadas no combate ao trabalho infantil e integrantes de movimentos sociais organizados.
Para Glaydson Gadelha, o trabalho infantil é tão comum que as pessoas se acostumaram com ele. "Quando a gente se acostuma com algo tão grave, começa a ser invisível para a sociedade. Por isso, esta iniciativa é importante, pois mostra que se trata de um procedimento danoso para a sociedade e tem que ser visto como um crime que leva as crianças a perderem a infância e, às vezes, até a vida. E a Câmara Municipal é um ambiente para este debate porque aqui são criadas políticas públicas para crianças e adolescentes".
Na oportunidade, o procurador-chefe destacou algumas das ações do MPT-RN na execução das políticas para proteção integral de crianças e adolescentes, entre elas o projeto “Aprendizagem Profissional”, que já garantiu quase 1200 ofertas de vagas para jovens aprendizes em empresas localizadas em solo potiguar.
Ao fazer uso da palavra, a vereadora Júlia Arruda defendeu o direito das crianças de serem crianças e lembrou que a pandemia claramente aumentou o risco de trabalho infantil, sobretudo devido ao acentuado avanço da pobreza e ao fechamento das escolas. "Mesmo com o fim do isolamento da pandemia, milhares de crianças ainda não voltaram para o dia a dia da sala de aula. Acontece que criança tem que estar na escola. E trabalho infantil é uma violação dos direitos de crianças e adolescentes. Não podemos ser coniventes com isso. A pauta infanto-juvenil precisa ser debatida diariamente para impedir que problemas sociais desta natureza fiquem invisíveis", disse ela, acrescentando:
"Inclusive, aproveito a oportunidade para convocar todas e todos para lutar contra a proposta de emenda à Constituição que autoriza os adolescentes a partir de 14 anos de idade a firmarem contrato de trabalho sob regime de tempo parcial. Hoje, de acordo com a Constituição Federal, os jovens com 14 e 15 anos só podem trabalhar na condição de aprendizes. Trata-se, portanto, de mais uma restrição dos direitos dos adolescentes".
De acordo com relatório da Organização Internacional do Trabalho – OIT sobre o trabalho infantil no mundo, só em atividades perigosas, trabalhos prejudiciais à saúde e à integridade física e psicológica da criança, existem mais de 115 milhões de pessoas até 17 anos trabalhando. Isso significa 7% da população mundial nesta faixa etária.
Lourdes Martins, assessora da Ouvidoria Geral de Direitos Humanos da Secretaria de Estado das Mulheres, da Juventude, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos (SEMJIDH), foi vítima do trabalho infantil e compartilhou suas experiências. "Tenho cicatrizes do trabalho infantil e perdi um filho vítima de trabalho infantil. É algo que vivenciei na minha infância e hoje dou testemunho com muita propriedade dos prejuízos causados na vida de uma criança. Lugar de criança é na escola. Os nossos pequenos precisam estudar e brincar. Trabalho só na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos, conciliando com a rotina de estudos, direitos garantidos, o corpo já formado, preparado e sem trabalho que apresente riscos", pontuou.
Por sua vez, Layana Lima, que representou a Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtas) e coordena o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) falou que as temáticas que envolvem crianças e adolescentes devem ser levadas ao conjunto da sociedade e debatida por todos, não somente pelos gestores públicos, e profissionais da assistência social. "Salvaguardar os direitos das crianças e dos adolescentes é uma responsabilidade que compete a todos: família, sociedade, comunidade, empresas, governos. Precisamos unir esforços para enfrentar uma chaga social que compromete o futuro do país".
*Fotos: Elpídio Júnior
Ministério Público do Trabalho no RN
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