Esta não é uma aula é um pedido desesperado de socorro!” clamou Rita Von Hunty durante Seminário sobre Raça e Diversidade do TRT-RN
Natal (RN), 22/07/2024 - A conferência de abertura do segundo dia do “1º Seminário de Raça e Diversidade: Direitos Humanos e Cidadania”, na manhã da sexta-feira (19), contou com a fala de Rita Von Hunty, persona drag do ator e professor Guilherme Terreri, que tratou dos ‘Conceitos fundamentais sobre identidade de gênero, sexualidade e o mundo do trabalho’.
“Este Seminário é voltado a pensar três questões. Inicialmente, analisar como se dão os processos históricos, materiais, culturais e ideológicos que fazem com que alguns grupos caiam da categoria de seres humanos para categoria de estranhos abjetos. O segundo ponto é pensar o que está no nosso entorno de possibilidades, de reforma dessa situação, ou seja, o que fazer para que os corpos minorizados tenham possibilidade de inserção como sujeitos, como seres humanos. Por fim, a gente tenta olhar para um horizonte de emancipação: é possivel construir sociedades nas quais todas as pessoas e corpos sejam bem-vindos e tenham licença para existir?”, explicou Rita Von Hunty.
Em sua aula, a professora explicou que “toda ação discriminatória está orientada por uma base material e ideológica de como alguns corpos serão tratados em alguns espaços, por exemplo, no mercado de trabalho”.
“Uma coisa grandiosa que Paulo Freire nos disse é que: não existe imparcialidade, nao existe neutralidade, pois toda ação está orientada a partir de uma base ideológica. A questão é perguntar se as nossas bases ideológicas são inclusórias ou exclusórias. Acredito que o fato de eu estar aqui hoje revela uma base ideológica inclusória”, disse Rita Von Hunty, que elogiou a disposição das instituições públicas em organizarem o debate.
“Ações como essa trazem um certo alívio ao vermos que os poderes institucionais estão tendo a capacidade crítica, diante do trabalho hercúlio de quem os compõe, de olhar para suas histórias, configurações e dinâmicas de poder e, a partir daí, empenhar uma trajetória de alteração desses espaços. Se por um lado é um alívio, existe também o desespero de pensar que é 2024 e a gente ainda não foi capaz de resolver as questões que nos foram negadas”, analisou a professora.
Tratando do processo histórico, Rita Von Hunty explicou questões ligadas à gênero e sexualidade no contexto das revoltas de Stonewall, na obra de Michel Foucault, de Robert K. Gnuse, de Vito Russo, de Judith Butler e de Paulo Arantes.
“Gênero e sexualidade são discursos produzidos a partir de interesses das esferas de saber. São produtos discursivos que estão à venda. São discursos que se organizam para nos destruir. Precisamos, então, permanecer lutando e atuante a vida toda porque somos uma minoria e nenhuma lei, desde a Constituição de 88, foi escrita para defender as nossas existências. Esta não é uma aula, isso é um pedido desesperado de socorro”, lamentou a professora.
Sobre perspectivas para o futuro Rita Von Hunty é realista: “o futuro não é de progresso”.
“Queremos um futuro que abrace todos os corpos e que a gente possa sonhar com uma democracia radical popular e participativa. Nosso dever é gestar, gerar e gerir a novidade. Para isso, precisamos de todas as mãos possíveis. A hora é agora! o tempo urge e a gente tem que arrancar poesia do futuro”, finalizou a professora.
Seguindo com a programação, na manhã da sexta-feira (19), o Seminário promoveu um painel sobre ‘Homossexualidade masculina e feminina, o acesso ao mercado de trabalho, aos núcleos de poder e o exercício dos direitos civis e políticos’ com a participação do juiz do TJ-BA, Bruno Barros dos Santos, da promotora de justiça do MP de São Paulo, Cláudia Macdowell, e do atleta de vôlei de praia, Anderson Luiz Melo, que na oportunidade relatou como o ambiente do esporte profissional ainda é machista é homofóbico.
“Contamos com um público bastante diverso, de gestores do poder público, pessoas de todas as áreas de atuação do judiciário, gestores de empresas, coletivos, estudantes e profissionais de várias áreas. Esse era nosso objetivo e vamos seguir ampliando o diálogo” ressaltou o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho do RN (MPT-RN), Gleydson Gadelha.
O evento foi uma realização do Ministério Público do Trabalho (MPT/RN), em parceria com o Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Norte, por meio da Ejud da 21ª Região e da Astra 21. Realizado no Teatro Riachuelo, o encontro reuniu especialistas de todo o Brasil para um debate público sobre diversidade e direitos das minorias.
*Com informações da Ascom do TRT-RN
Ministério Público do Trabalho no RN
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